quinta-feira, 20 de março de 2014

Faltas que fazem falta

Cada pessoa que desaparece deixa em nós um vazio que não se preencherá jamais. Não há outra Paulinha, nem outra Rosalina, nem outro Ilídio iguais aos que perdemos agora. Como não há outra Fátima, outra Adelaide, outro António José, outro Carlos Baptista, ou outro Cáceres, alguns dos que fomos perdendo nos últimos anos. Ou o Nuno, que nos deixou há décadas e cujo sorriso permanece intacto. Todos, de forma única, fazem falta. A falta que nos fazem a nós e a falta que fazem a quem mais faltam: pais, filhos, netos e amigos mais próximos. Viverão para sempre nas suas, nas nossas, memórias.




Partidas

Vi hoje, pela terceira vez este ano, uma pessoa morta. E, mais uma vez verifiquei o carinho que me inspira o corpo de alguém que já ali não está. Não tenho medo, não me "faz impressão", não me arrepia e, em bem da verdade, quando a vida é cumprida, também não me entristece...  Sinto apenas uma enorme compaixão, que cimenta em mim a convicção de que estamos mesmo todos ligados...

Emociona-me, sim, a dor dos que ficam, a falta que faz quem partiu para não voltar, o desespero de quem sofre de amor e saudades e de medo de um futuro sem aquele que acabaram de perder.

Acima de tudo, dói-me a vida arrancada a homens e mulheres com crianças por criar,  com netos para ensinar o que só os avós podem transmitir, a filhos espoliados do seu património mais rico: o infinito amor das mães que os trouxeram ao mundo.

Ali, perante a frieza e o despojamento da morte, apenas jaz um corpo de alguém que já não está lá. Dele, ficámos sós. Isso sim, assusta...

T.