quarta-feira, 21 de maio de 2014

Até quando?

As más notícias continuam. Por este andar, o meu medo é que elas acabem...

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Eu quero!

A vida escapa-se-me por entre os dedos. Tento agarrá-la e não consigo. Estou forte mas sou fraca. Sinto-me bem mas estou doente. Quero viver e não sei se consigo. Tento ser feliz mas não posso.

T.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Esmagada

Numa temporada fora de casa, sem a família - 15 dias será uma temporada? - (re) descobrem-se sentimentos e aprofundam-se dúvidas.

Sabe-se com clareza de quem se tem muitas saudades e quem, apesar de gostarmos muito, não temos urgência em rever.

Percebe-se quais são as relações a que ainda gostaríamos de dar mais uma hipótese e aquelas que já não têm conserto.

Esclarece-se que certas pessoas são tóxicas e devíamos largá-las. E que é urgente arranjar mais disponibilidade e carinho para as que nos fazem bem.

É muito claro que há coisas que já não queremos na nossa vida.
E comidas que nos fazem mal.

Mas voltamos a casa...
... e tudo fica na mesma...
Mas porque sabemos mais, agora é ainda pior...

Sinto-me a formiga esmagada pela existência triste em que a minha vida se transformou.

T.



quinta-feira, 20 de março de 2014

Faltas que fazem falta

Cada pessoa que desaparece deixa em nós um vazio que não se preencherá jamais. Não há outra Paulinha, nem outra Rosalina, nem outro Ilídio iguais aos que perdemos agora. Como não há outra Fátima, outra Adelaide, outro António José, outro Carlos Baptista, ou outro Cáceres, alguns dos que fomos perdendo nos últimos anos. Ou o Nuno, que nos deixou há décadas e cujo sorriso permanece intacto. Todos, de forma única, fazem falta. A falta que nos fazem a nós e a falta que fazem a quem mais faltam: pais, filhos, netos e amigos mais próximos. Viverão para sempre nas suas, nas nossas, memórias.




Partidas

Vi hoje, pela terceira vez este ano, uma pessoa morta. E, mais uma vez verifiquei o carinho que me inspira o corpo de alguém que já ali não está. Não tenho medo, não me "faz impressão", não me arrepia e, em bem da verdade, quando a vida é cumprida, também não me entristece...  Sinto apenas uma enorme compaixão, que cimenta em mim a convicção de que estamos mesmo todos ligados...

Emociona-me, sim, a dor dos que ficam, a falta que faz quem partiu para não voltar, o desespero de quem sofre de amor e saudades e de medo de um futuro sem aquele que acabaram de perder.

Acima de tudo, dói-me a vida arrancada a homens e mulheres com crianças por criar,  com netos para ensinar o que só os avós podem transmitir, a filhos espoliados do seu património mais rico: o infinito amor das mães que os trouxeram ao mundo.

Ali, perante a frieza e o despojamento da morte, apenas jaz um corpo de alguém que já não está lá. Dele, ficámos sós. Isso sim, assusta...

T.








terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Obrigada a pensar

O exame em si, não custa nada (se acertarem logo na veia certa e a tratarem com carinho). No entanto, há um grande "mas" neste PET/SCAN... Ora vejamos.

Trata-se de um exame que tira imagens da cabeça aos pés da desgraçada da pessoa que se enfia na máquina e, supostamente, toma nota do regabofe que se vive do lado de dentro.  E, como se sabe, dentro de mim há uma festarola a decorrer há uns anos e para a qual não fui convidada. Cá por fora, tudo tranquilo, os festejos são a vida, o que, dadas as circunstâncias, já não é pouco.

Ora a coisa começa com o dispa-se, segue-se a picada com a injecção do "produto" (produto para cá, produto para lá) e agora deite-se aí uma hora que já cá vimos buscá-la. Finda a (primeira) espera, vai-se então ao escrutínio da máquina. Depois, vá ali para aquela salinha que já lhe dizemos se pode ir embora (aqui come-se, o que já não é mau, pois a coisa começa com um jejum de seis horas). Depois é preciso mais imagens, mas só três horas depois de injectado o produto...  Espera-se e espera-se, sabendo-se apenas que a repetição é... na cabeça. Coisa animadora. Pensando bem, tão animadora como outra coisa qualquer que possam dizer-nos. Ali, uma coisa é certa: tudo o que queiram ver melhor, é mau. Há essa coerência maravilhosa, do universo alinhado... contra nós.

E nestas horas que vão passando, vou caindo em mim, sentindo a solidão desta doença a penetrar-me a pele, a instalar-se à força. À segunda entrada na máquina - agora "só" para descobrir se a festa subiu ao terraço, as lágrimas já rolam sozinhas, às ordens da solidão, do medo, da tristeza de não haver outra vida para mim... tenho de estar ali, tenho de ouvir as más notícias, tenho de engoli-las, tenho de assimilá-las, tenho de aceitá-las, tenho de viver isto até ao fim, tenho de fazer análises já amanhã, tenho de ir a outra consulta, tenho de fazer quimio... livra...

Este exame é, portanto, uma tortura psicológica. Não lhe bastava ser condutor de más notícias (só uma das 6 vezes não me correu mal), ser caro, e ainda é palco de instropeções aterradoras, de momentos de realidade, de que fujo como o diabo da cruz.

Bolas.
T.








domingo, 16 de fevereiro de 2014

A escolha imperfeita

Fim-de-semana de mal estar, vida de merda esta, a do combate ao cancro. Desistir é uma nobreza que não me cabe. Só os grandes conseguem desistir de lutar contra uma besta insensível que, invariavelmente, ganha. Nós, os mais fracos, perante a escolha vamos sempre pela vida, mesmo que seja esta, a de merda.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A melhor das opções

Mais um dia de recomeço. Mais um primeiro do resto da minha vida. Comecei hoje uma nova quimioterapia, mais agressiva, a ver se a coisa se compõe. No entanto, a medula cansada de tanta porcaria produz menos plaquetas. E esta quimio arrasa com as ditas cujas. Assim sendo, tenho de ver como me sinto com isto e que riscos corro se partilhar espaço com gente, por exemplo, constipada. Um espirro pode ser um perigo, imagine-se.
Mas quem é que quer viver assim? Só aqueles para quem a outra opção é... o fim. Portanto, entre muitos outros, eu quero!

T.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Amigas do coração

De tudo de mau, muito mau que o cancro me trouxe, há uma luz que nunca se apaga: as novas amizades que criei à conta desta horrível doença.
Amigas improváveis, gente de todas as idades e locais, que provavelmente nunca conheceria de outra forma. São hoje parte da família, da minha família do coração, amigas para sempre, longe seja o sempre...

Vocês sabem quem são, só posso agradecer-vos por tudo o que me dão.

T.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Um palavrão

Hoje, mais um dia difícil. Levei uma nega para um tratamento de radioterapia em que depositava esperanças....
Não haverá boas notícias? Precisa de uma das boas...

Palavrão (pensado mil vezes)

T.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Mais uma vez

Ontem foi um dia duro. Olhar-se para exames médicos e análises e ver-se uma doença a crescer dentro de nós sem que se faça sentir, é uma sensação tremenda. Horrivel. Cruel.
No cancro, tudo é feito à traição. Cria-se um corpo autónomo, dentro do nosso, que se alimenta do que lhe damos e, pelas costas, nos mata.
Este, o que cresce em mim, anda a ver se me abate e a verdade é que tem conseguido pequenas vitórias que o poderão levar à glória final. Chega-se o tempo em que ele está maior e eu começo a encolher: tenho menos energia, menor capacidade de combate... e ele cresce e reforça-se com o que rouba de mim.

Hoje, estou a perder. Mas ainda vou à luta, pelo menos mais uma vez.

T.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Dor sem ondas

Dentro da máquina da Ressonância Magnética, tenho sempre a visita de uma meia dúzia de lágrimas que, perante a imponência da máquina e a pequenez da pessoa que se encafua ali dentro, não resistem em se manifestar. Como eu as compreendo...

Se pudesse, choraria durante dias a fio, meses talvez, deixando sair a dor que certamente terei acumulada dentro de mim. De vez em quando, saltam umas lágrimas rebeldes, que as outras lá ficam, firmes e determinadas a não levantar ondas.
Mas não posso. Nem quero. Já basta o que sofro em consciência, não quero saber nem sentir o quanto mais poderia ainda sofrer... era só querer, motivo não tem faltado.
Mas não, é melhor não...

T.






quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Dois e milhões de corações

Mais do que as dores físicas ou o mal estar de certas medicações, o que mais dói é mesmo o coração. Aquele outro coração, não o que bate, mas o que sente, o que se aflige, o que teme e que também se alegra e inspira os momentos felizes... Aquele que, em conjunto com o outro, nos faz viver. Só com um não existimos... não somos ninguém...

É esse outro coração que nos liga aos outros, é através dele que estamos juntos, que nos amamos, que nos completamos. Por vezes, imagino que existe um coração muito grande onde nos juntamos todos, todos os que têm mais e mais corações... 

Cada vez mais sinto a minha dor colada às dores alheias, cada vez mais compreendo que as dos outros são minhas e as minhas são de todos os que se importam.

É por isso que sinto tanto, é que não são só os meus corações que batem dentro de mim...



terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Meia xoné

Esta semana não estou grande coisa. Não gosto de me sentir assim. Durante os cinco anos que já levo de pancada, tenho conseguido manter-me à tona com alguma boa disposição, em especial socialmente. Quando as forças me falham, já conheço o que se segue: fecho a concha e deixo-me lá dentro a dormir, ver TV, ler, caminhar na praia... sozinha. É assim que estou agora. Dentro da concha. Só abro quando chega a Joana e faço de Teresa, a mamã (como ainda me chama).

Vamos lá ver quando isto passa...

T.



sábado, 11 de janeiro de 2014

o meu amor maior

Porque todos os dias contam...

Hoje passsei o dia a curtir a minha filha. Grande companheira.

T.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Altos e baixos

Porque todos os dias contam, hoje...

Coisas boas: almocei com o pai e as minhas velhotas, fui a Sintra comprar um toucador  - que adorei! - num antiquário, trabalhei, fui buscar os meus óculos (e passei a ver o mundo com outros olhos) e ainda... jantei com a Joaninha e o Júnior, sim, todos ao mesmo tempo.

Menos bom foi ter feito análises logo de manhã e levar com um senhor, simpático sim, mas bruto como tudo e que me enfiou uma seringa pelo braço adentro sem dó nem piedade.

Mau mesmo foi uma amiga ter perdido o pai hoje... Era uma situação esperada mas é sempre difícil...

T.


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Cansadinha

Esta ânsia de viver, cansa.

O melhor do dia hoje foi o almocinho com os colegas, uma proposta em que quase todos alinharam. Um momento de convívio raro mas que muito agradou. Pelo menos a mim.

O pior foi mesmo o não ter dormido o suficiente e estar praticamente de rastos, por assim dizer.

Beijinhos.
T.

P.S. Houve tempo ainda para uma consulta de fisioterapia, uma ida ao supermercado, o tal almoço, fazer o euromilhões, trabalhar (pouco mas bem), ir buscar a Jo e agora... fazer o jantar, pôr a roupa a lavar (para demorar três dias a secar), dizer umas vintes vezes "Joana vai tomar banho" e, depois, por fim, Deus me ouça, dormir, dormir, dormir...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Todos os dias contam

Porque todos os dias contam, gostaria que, sem excepção, tivessem algo para contar. E, de facto, têm, mas nem sempre é a história que gostaríamos de ouvir.

Hoje, o dia não foi de boa memória. De manhã soube que o cancro tinha levado mais uma amiga, e fiquei triste. Depois, trabalhei loucamente toda a tarde, toda a noite, não jantei, esqueci-me de tomar os comprimidos a horas e cheguei a casa às duas e meia da manhã. Fui comer arroz de frango. E estou a escrever. Hoje não há sono, hoje não há paz no coração.

Todos os dias contam, tem de ser assim... Mas há uns que mais valia que acabassem depressa. E este foi longo como o raio que o parta.

T.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Tonturas

Dia 1, uma forte tontura à mesa do jantar. Dia 2, pequenas tonturas ao longo do dia. Dia 3, não trabalhei e não tive tonturas. Dia 4, nada. Dia 5, cabeça um pouco à roda, sem tonturas mas com uma sensação estranha.

O que foi aquilo, o que se passa, afinal?

Hipóteses:
1 - inconfessável, não quero sequer pensar nisso
2 - cansaço acumulado de um mês de dezembro intenso
3 - os óculos novos que tardam em ficar prontos e estes fora de prazo
4 - medo, medo, medo de exames que se aproximam...
5 - excesso de doces :-)

A ver vamos...

Beijo,
T.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Muita saudinha

Dia 1 de Janeiro de 2014. Seis horas depois de adormecer, toca o despertador: alerta comprimidos. O ano novo começou agora mesmo e não me deixa esquecer...

E fica registado o meu único e grande desejo para 2014: que todos tenham saúde. Os que a têm intacta que saibam valorizá-la e protegê-la, e aqueles a quem a sacaninha tem burlado, a consigam contrariar e viver cada dia com coragem, determinação e toda alegria possível. É assim que eu vou fazer.

Feliz 2014
T.