quinta-feira, 20 de março de 2014

Partidas

Vi hoje, pela terceira vez este ano, uma pessoa morta. E, mais uma vez verifiquei o carinho que me inspira o corpo de alguém que já ali não está. Não tenho medo, não me "faz impressão", não me arrepia e, em bem da verdade, quando a vida é cumprida, também não me entristece...  Sinto apenas uma enorme compaixão, que cimenta em mim a convicção de que estamos mesmo todos ligados...

Emociona-me, sim, a dor dos que ficam, a falta que faz quem partiu para não voltar, o desespero de quem sofre de amor e saudades e de medo de um futuro sem aquele que acabaram de perder.

Acima de tudo, dói-me a vida arrancada a homens e mulheres com crianças por criar,  com netos para ensinar o que só os avós podem transmitir, a filhos espoliados do seu património mais rico: o infinito amor das mães que os trouxeram ao mundo.

Ali, perante a frieza e o despojamento da morte, apenas jaz um corpo de alguém que já não está lá. Dele, ficámos sós. Isso sim, assusta...

T.








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