terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Obrigada a pensar

O exame em si, não custa nada (se acertarem logo na veia certa e a tratarem com carinho). No entanto, há um grande "mas" neste PET/SCAN... Ora vejamos.

Trata-se de um exame que tira imagens da cabeça aos pés da desgraçada da pessoa que se enfia na máquina e, supostamente, toma nota do regabofe que se vive do lado de dentro.  E, como se sabe, dentro de mim há uma festarola a decorrer há uns anos e para a qual não fui convidada. Cá por fora, tudo tranquilo, os festejos são a vida, o que, dadas as circunstâncias, já não é pouco.

Ora a coisa começa com o dispa-se, segue-se a picada com a injecção do "produto" (produto para cá, produto para lá) e agora deite-se aí uma hora que já cá vimos buscá-la. Finda a (primeira) espera, vai-se então ao escrutínio da máquina. Depois, vá ali para aquela salinha que já lhe dizemos se pode ir embora (aqui come-se, o que já não é mau, pois a coisa começa com um jejum de seis horas). Depois é preciso mais imagens, mas só três horas depois de injectado o produto...  Espera-se e espera-se, sabendo-se apenas que a repetição é... na cabeça. Coisa animadora. Pensando bem, tão animadora como outra coisa qualquer que possam dizer-nos. Ali, uma coisa é certa: tudo o que queiram ver melhor, é mau. Há essa coerência maravilhosa, do universo alinhado... contra nós.

E nestas horas que vão passando, vou caindo em mim, sentindo a solidão desta doença a penetrar-me a pele, a instalar-se à força. À segunda entrada na máquina - agora "só" para descobrir se a festa subiu ao terraço, as lágrimas já rolam sozinhas, às ordens da solidão, do medo, da tristeza de não haver outra vida para mim... tenho de estar ali, tenho de ouvir as más notícias, tenho de engoli-las, tenho de assimilá-las, tenho de aceitá-las, tenho de viver isto até ao fim, tenho de fazer análises já amanhã, tenho de ir a outra consulta, tenho de fazer quimio... livra...

Este exame é, portanto, uma tortura psicológica. Não lhe bastava ser condutor de más notícias (só uma das 6 vezes não me correu mal), ser caro, e ainda é palco de instropeções aterradoras, de momentos de realidade, de que fujo como o diabo da cruz.

Bolas.
T.








2 comentários:

  1. Concordo contigo,é mesmo uma tortura o exame,só fiz um e foi aterrador,até o resultado foi.
    Já paraste para pensar um pouco,talvez as coisas não sejam tão más como imaginas,se tivesses alguma coisa na cabeça via-se logo e não precisavas repetir,talvez alguma mancha ou outra coisa pudesse ter interferido no exame e eles queiram ter mesmo a certeza do que viram eu acho que se fosse metástase via-se logo.
    Tem calma ok.Sei que é dificil mas tenta.
    Beijinhos
    (Não sei se já te disse isto alguma vez,mas gosto muito de ti"
    Estou à tua espera para vires conhecer o Francisco.

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  2. Tb gosto muito de ti :) já o disse éne vezes!
    Beijinhos

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